Métodos de Abordagem

O método de abordagem, como visto em momentos anteriores, é aquele caracterizado por abarcar mais amplamente os fenômenos estudados, é o modo pelo qual se chega à conclusão: pode ser sob a forma do processo indutivo ou do processo dedutivo.

A indução

É o processo mental por meio do qual se conclui uma verdade geral não contida direta, mas indiretamente nas partes examinadas, alcançando conclusões mais amplas do que as premissas oferecidas. É a forma de raciocínio que parte do particular para o geral.

Exemplo 1: Cobre é um metal e conduz corrente elétrica, zinco é um metal e conduz corrente elétrica, prata é um metal e conduz corrente elétrica; ora, todos os metais devem ser condutores de energia elétrica.

Exemplo 2: João, José e Pedro são seres humanos e todos eles são mortais; logo, todos os seres humanos devem ser mortais.

Cuidados necessários com o método de abordagem

  • Certificar-se do que é essencial e não acidental, isto é, não se basear em exceções ou coisas fora do padrão ao se aplicar a relação que se pretende generalizar;
  • Assegurar-se de que sejam idênticos os fenômenos que se pretende generalizar em uma relação, evitando aproximações e semelhanças acidentais;
  • Não se esquecer do aspecto quantitativo dos fatos;
  • As generalizações podem facilmente ser falsificadas, por isso há indicação para se trabalhar com conclusões prováveis.

Corre-se o risco, trabalhando-se com o método da indução, de cair em falácia, sofismo ou paralogismo. Raciocínios falhos que se apresentam como que revestidos de lógica. Esse é o maior perigo que se corre ao se trabalhar com o método indutivo. Devemos ter um cuidado especial com esse possível falso cientificismo. Veja como pode ser capcioso o método indutivo mal aplicado:

“Se o amor é cego, e Deus é amor, então Deus é cego."

"Quem não trabalha tem muito tempo sobrando. Se tempo é dinheiro, quem não trabalha é rico."

A dedução

O argumento dedutivo trabalha com premissas genéricas e verdadeiras que levam à conclusão da pesquisa. Desse modo, se as premissas colocadas durante o trabalho científico são verdadeiras, deve-se chegar, obrigatoriamente, à uma conclusão verdadeira. Entende-se, assim, que toda a conclusão já estava implícita nas premissas.

Com isso, objetiva-se explicar o conteúdo das premissas visando ao encontro da identidade com aquilo que se pretende provar, a fim de gerar maior segurança e certeza no seu conteúdo, utilizando-se premissas maiores e premissas menores. Ao contrário do que ocorre com o método de abordagem indutivo, diz-se que o método dedutivo é aquele cujo raciocínio parte do geral para o particular.

Exemplo 1: Todo os mamíferos possuem coração (premissa maior). Todos os cães são mamíferos (premissa menor), logo, todos os cães têm coração (conclusão).

Exemplo 2: Matar alguém – reclusão de seis a vinte anos (art. 121, Código Penal) – premissa maior. João matou José (premissa menor). Logo, João deve ser apenado de seis a vinte anos (conclusão).

Exemplo 3: Matar alguém – reclusão de seis a vinte anos (art. 121, Código Penal) – premissa maior. Se João não matou José, não deve ser apenado (premissa falsa). Se existem outras premissas que não foram consideradas, a conclusão poderá não ser verdadeira (ausência de premissa), como ocorreria, por exemplo, diante de hipóteses que servissem como excludentes de ilicitude.

Cuidados necessários para se trabalhar com esse método de abordagem

  • Fornecer premissas das quais um acontecimento possa ser deduzido talvez não seja suficiente para se alcançar uma conclusão válida;
  • Utilizar-se de premissas que não são completamente verdadeiras; para este método de abordagem, impõe-se a necessidade de se fundamentar em premissas indubitavelmente verdadeiras, lembre-se sempre disso.
  • A dedutibilidade não é condição suficiente de explicação nem condição necessária, já que muitas podem ser as explicações que não possuem lei científica como premissa. A explicação de um fenômeno pode decorrer de um ponto de vista especial, de uma correlação, por exemplo, sem necessidade de processar a dedução na forma de um embasamento científico.

 

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